Hoje é dia 13 de junho e há quem ache o tal número como azarento. Eu, porém, discordo, afinal é exatamente nesta data que há comemorações, a meu ver, importantes.
A primeira delas e que me objetiva a escrever, é o aniversário de um amigo de quem gosto muito. Nos conhecemos quase por acaso, quando viemos a ser professor e aluna. Mas o destino (ou será Deus por intermédio de Santo Antônio?) fez com que essa relação fosse cada vez maior e nos transformamos em grandes amigos. Hoje, no dia do santo casamenteiro, ele faz aniversário e seu nome também tem Antônio. Acho que é por isso, que incorporando o valor de união das pessoas, ele, algumas vezes, colocou pessoas especiais em meu caminho, pelas quais tenho um grande carinho.
Amigo, sei que você vai ler este meu singelo texto e por isso quero te desejar meus parabéns, cheio de carinho e felicidade. Ponho, abaixo, um texto de Fernando Pessoa, que nascido também nesta data, fez em homenagem a Santo Antônio. Deleite-se...
SANTO ANTÓNIO
Fernando Pessoa
Nasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!
Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.
(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
Mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)
Adiante ... Ia eu dizendo, Santo António,
Que tu és o meu santo sem o ser.
Por isso o és a valer,
Que é essa a santidade boa,
A que fugiu deveras ao demónio.
És o santo das raparigas,
És o santo de Lisboa,
És o santo do povo.
Tens uma auréola de cantigas,
E então
Quanto ao teu coração —
Está sempre aberto lá o vinho novo.
Dizem que foste um pregador insigne,
Um austero, mas de alma ardente e ansiosa,
Etcetera...
Mas qual de nós vai tomar isso à letra?
Que de hoje em diante quem o diz se digne
Deixar de dizer isso ou qualquer outra coisa.
Qual santo! Olham a árvore a olho nu
E não a vêem, de olhar só os ramos.
Chama-se a isto ser doutor
Ou investigador.
Qual Santo António! Tu és tu.
Tu és tu como nós te figuramos.
Valem mais que os sermões que deveras pregaste
As bilhas que talvez não concertaste.
Mais que a tua longínqua santidade
Que até já o Diabo perdoou,
Mais que o que houvesse, se houve, de verdade
No que — aos peixes ou não — a tua voz pregou,
Vale este sol das gerações antigas
Que acorda em nós ainda as semelhanças
Com quando a vida era só vida e instinto,
As cantigas,
Os rapazes e as raparigas,
As danças
E o vinho tinto.
Nós somos todos quem nos faz a história.
Nós somos todos quem nos quer o povo.
O verdadeiro título de glória,
Que nada em nossa vida dá ou traz
É haver sido tais quando aqui andámos,
Bons, justos, naturais em singeleza, Que os descendentes dos que nós amámos
Nos promovem a outros, como faz
Com a imaginação que há na certeza,
O amante a quem ama,
E o faz um velho amante sempre novo.
Assim o povo fez contigo
Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
Ó eterno rapaz.
(Qual santo nem santeza!
Deita-te noutra cama!)
Santos, bem santos, nunca têm beleza.
Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? ...
Tira lá essa capa!
Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
Em fantasia, promoveu-te a manjerico.
És o que és para nós. O que tu foste
Em tua vida real, por mal ou bem,
Que coisas, ou não coisas se te devem
Com isso a estéril multidão arraste
Na nora de uns burros que puxam, quando escrevem,
Essa prolixa nulidade, a que se chama história,
Que foste tu, ou foi alguém,
Só Deus o sabe, e mais ninguém.
És pois quem nós queremos, és tal qual
O teu retrato, como está aqui,
Neste bilhete postal.
E parece-me até que já te vi.
És este, e este és tu, e o povo é teu —
O povo que não sabe onde é o céu,
E nesta hora em que vai alta a lua
Num plácido e legítimo recorte,
Atira risos naturais à morte,
E cheio de um prazer que mal é seu,
Em canteiros que andam enche a rua.
Sê sempre assim, nosso pagão encanto,
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós merecíamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei António —
Isso sim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?
(Retirado de http://arquivopessoa.net/textos/3791)
8 comentários:
Parabéns ao Antônio!
Parabéns ao Santo!
Parabéns ao Pessoa.
E obrigado por este post lindo!
Então parabéns pra você tambem!
Amém!
Obrigado, Aline, pela homenagem! Felicidades a todos!
Lindo Post Parabéns
Grande Fernando *-*
Boa tarde amiga,
Vim agradecer a sua linda visita e seu lindo e tao verdadeiro comentário. Muito Obrigada.
Tem o selinhos de seguidora pode pegar se assim o desejar está lá a sua espera.
Sim, para mim nenhum dia é de asar muito menos o dia treze. quem traz azar ou má sorte para nós são os nossos próprios atos, como voce falou, se fazemos o bem, com certeza recebemos o bem em dobro, é a lei da natureza, do Amor, ( Deus)
Que lindo este post.
Santo Antonio é um grande santo, ele também fez maravilhas em minha vida, Ele deu uma forcinha de lá de cima para meu futuro, agora atual me encontrar numa terra distante daqui. E eu era apenas uma menina, que hoje, no dia 8 deste mes completei junto com meu marido 29 anos de casamento.
Por isso eu dou infenitas Graças ao Santo Antonio por todas as maravilhas que Ele fez em nossas vidas.
Tenha uma linda e muito feliz semana coberta de muitas bençãos, graças e alegria e paz.
abraço amigo
Maria Alice
Parabéns ao aniversariante, e obrigado ao Fernando Pessoa por ter existido.
Bjux
Eita!!! Do Santo eu sabia, mas do niver não sabia! Ao eu-lirico mais charmoso do meio em que vivemos... os meus parabéns... com beijos de gratidao e saudade!!!
Belo post, Aline!
bjs
Catita
Aline.. Parabéns por homenagear o Fe ( sou intima dele ), mas ele não sabe..rs
Eu tb fiz uma homenagem a ele em meu blog.
Um grande beijo a vc!
Ma
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