sábado, 25 de junho de 2011

Devolva-me!

 

Devolva-me o que me roubou de mim:
as emoções, os sentimentos
que foram oprimidos,
recalcados e reprimidos.


Há alteridade em mim
se me encontrar pelo caminho
traga-o a mim,
liberte-me das amarras
que foram mal concatenadas.
Se avistar minha miragem
deleite-a e contemple-a
mesmo que seja na dor,
no caos, no vazio,
no tudo, no nada.


E quando voltar ao pó
devolva-me.
Roubaram de mim
meu próprio reflexo,
minha imagem
e a vida engendrada por Deus.


Devolva-me
a verdade sobre o amor,
as maneiras simples de dizer “Eu te amo!”,
a alegria de cantar
e no mais longínquos dos abismos

encontrar-me-ei novamente.


Se tua palavra penetrar na minha
que seja para frutificar

a ausência de mim,
que se perdeu,
que ecoou e bradou
pelo mundo a fora.


Devolva-me
pois não sei se sou o eu ou o outro
nesse horizonte amargurado.
Buscar-me-ei mas não achei,
bati em alguma porta

e as fecharam para mim.
E janelas circunscreveram “nulo para ti”.


Nessa caminhada árdua
não tirei palavras para me direcionar.
Fui ultrajado pelos açoites,
rasgaram minhas vestes
porque deixei de buscar-me
e tudo deixou de ser arte,
canção, cumplicidade, amor e performance.


Desejo meu eu
preciso dele para existir
pois roubaram de mim
minhas alegrias, meus entusiasmos,
minha mocidade,
minha oblação e os pertences da alma,
intrínseco em meu ser.

E agora só me resta o nada
e o mais nada.


E ao pó massacrado voltei.
                                                                                                                                                          Jasanf

7 comentários:

OceanoAzul.Sonhos disse...

Majestoso!
oa.s

Runa disse...

Muito bom. Um poema escrito com a alma...

Bom fim de semana

Runa

Severa Cabral(escritora) disse...

Como sempre vc coloca as mais belas palavras...e vira um poema tão lindo...parabéns...
bjssssssss

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Penso ha horas que temos que
pegar
o que nos for tirado.
Talvez ate tomar de quem não merece.
A poesia nos remete a verdeira liberdade.
Bjins

Artes e escritas disse...

A palavra certa é "mood". If you aren't in a mood for love, forget its, é preciso disposição para gostar ou amar algo ou alguém. Um abraço, Yayá.

Tatiana disse...

O que mais vamos deixar que nos roubem?

MA FERREIRA disse...

Jasanf..sinto sua alma no poema!!

Ta na hora de vc ir ao encontro dela... não espere que a devolvam..va busca-las. Vc tem todas as ferramentas..

Qdo digo vc..me refiro ao Eu do poema..rs

Um beijo..

Ma