segunda-feira, 6 de junho de 2011

Namorar todos os dias...

 

Os anos passam e se percebe o quanto o comércio ganha vida em data festiva. Não basta o tempo natalino, o dia das mães e dos pais, a páscoa para ele, uma vez que o mundo capitalista precisa “rodar” e continuar com seus preparativos para enfeitiçar pessoas de toda parte.
Com as proximidades do dia doze chegando, comecemos a refletir sobre o efeito mágico que se perde em gasto para estabelecer vínculo com o que se diz prazeroso. Sabe-se que é simplesmente uma data e que infelizmente não é comemorada todos os dias, como deveria.
Com efeito, falar-nos-emos de amor. Onde será que ele se encontra agora? Será que ainda é sentimento? Será que é sentido verdadeiramente entre os corações ou sempre vem descolado com a promiscuidade (claro que não vem!), com o falso juramento, com a valorização do eu. Puro egoísmo pensar desse jeito. Mas namorar deveria ser todos os dias. A partir do momento em que duas pessoas dizem se gostar e querer estabelecer um elo, uma fusão, um relacionamento, um vínculo, começa-se a magia, visto que o egoísmo deixa de existir para dar lugar ao duplo, ao par, ao casal (que fizera um juramento para compartilhar emoções, sentimentos e vida em comunhão).
Por meio desse prisma, avaliemos o formato do objeto que o casal usa para ratificar seu compromisso: uma aliança. Desde o próprio namoro até a chegada ao casamento possamos ver, que muitas vezes, esse compromisso representado por uma circunferência: sem pontas, sem fim, marcando a rotatividade de duas vidas que se juntam para compor uma valsa – partitura e melodia. A partitura não existe sem melodia. Toda melodia requer notas, arranjos, que podem ser modificados, moldados, melhorados a cada dia de acordo com o tom que se estabelece para a construção diária desse sentimento chamado amor. Todo dia é dia de orquestra sinfônica. É dia de sorrir, de brincar, de falar sério, de se arrepender e de pedir perdão. É dia de se ter esperança e de acreditar em que tudo irá melhorar. Não se importando se fala ou canta como os anjos nem de fazer concessões a uma série de obstáculos que podem fazer se perder por tal emoção. Mas todo dia é dia de namorar, é dia de compartilhar desejos, é dia de distribuir flores à amada e a convidar para prestar atenção aos mínimos detalhes que se encontram ao redor: observar a natureza, ouvir os passarinhos a cantar, ver o leito do rio com sua correnteza forte a passar e saborear o melhor prato, vestir a melhor roupa e dizer sempre as três palavras saborosas que contagiam o universo: “Eu te amo!” Tudo deveria se transpor, porém palavras o vento leva. No entanto, são com as dificuldades que se constroem os melhores alicerces para um relacionamento maduro, coeso e harmônico. Toda sinfonia precisa de harmonia para não ferir aos tímpanos. E assim é o amor. Ele suporta tudo: sofrimentos, alegrias, depressão, tristeza, entusiasmo.
Aos poucos descobrimos que viver a dois é compartilhar ideal, estabelecer metas e prioridades. É, de fato, ser um só ser. Mas, infelizmente, isso tudo é utópico; pois a realidade é dura e cruel, às vezes. À medida que se encontra junto é para criar um universo onde, mesmo com dificuldades, o amor se sobressaia. Amor requer fidelidade. Será que somos fiéis aos nossos desejos de comum união? Será que a vida que escolhi a dois é realmente a dois? Será que estou maduro o suficiente para o namoro? Para namorar todos os dias? Para criar laços com a pessoa que escolhi para mim? Isso não se tem uma resposta precisa, já que cada pessoa é uma. Não se pode engendrar uma receita e dizer sigam-na. Não se pode sentir pelos outros. Não se podem julgar sentimentos, mesmo não sendo verdadeiros, porque cada um é um. O que se deve fazer é realmente senti-los e vivê-los todos os dias como cada um escolheu. Não obstante, ninguém escolhe os sentimentos, pois eles não se escolhem, mas se senti.
Em suma, cada ano que passa vislumbramos o dia 12 de junho e comemoramos em nosso país o dia dos namorados. Só sabemos que o verdadeiro amor vincula-se ao respeito, ao prazer de estar junto porque amar de verdade é compromisso. E assim a aliança se constrói diariamente, mesmo com arranhões, a fim de que cada dia seja melhor; e se não for, não se preocupe, é sinal que você se encontra com a pessoa errada. É sinal que você não teve discernimento para uma vida a dois, pois viver com outra pessoa não é fácil. Mas nada nessa vida é fácil. Seríamos hipócritas se afirmássemos que tudo são flores. Só que todo dia é dia de renovação ao amor. E se renovar requer cuidado, diálogo, bom trato, animação e bom humor.

                                                                                                                    Jasanf


7 comentários:

Anônimo disse...

Jander,

Difícil hoje em dia é o envolvimento, é o querer estar apaixonado, é o comprometer-se com a relação.
No passado o amor romântico, talvez fosse por demais idealizado, mas essa realidade cinza, do sexo casual e do não comprometimento, é por demais pesada para os poetas, como nós.
Passarei mais um Dia dos Namorados apenas na minha companhia.
Bjim no coraçao,

Rosivar

Jasanf disse...

Rosevar, meu violoncelo se foi ha tempos. Agora só me resta escrever sobre sua ausência e sobre seus acordes em baixo tom hamornizando a tessitura e engendrando um novo tecido. Somos dois a comemorar esta data festiva a sós. Bejos,
Jasanf.

MA FERREIRA disse...

Jasanf...que cronica bem escrita.

Você esgotou em seu texto todos os argumentos que serveriam para embasar meu comentário.

AS vezes é melhor ficar só..do que ter um amor tumultuado, cheio de dúvidas.

Voce estando só se dá a oportunidade do amor te encontrar.

Tudo passa..pq a dor do amor, que é dor mais sentida não iria passar?

Esquece a dor do amor, como se esquece a dor do parto.

Falar é facil né? sentir é que é doido.

Escreva uma nova partitura, uma nova melodia.
O amor escuta e quando menos se espera.....vc esta de cara com ele.
Bjkas

Ma

Ray* disse...

Sem dúvidas todas as datas ditas comemorativas atualmente são para o lucro do comércio. Gostei muito da sua reflexão.

citacoesecia.blogspot.com

Tatiana disse...

Jander, qual é a verdadeira face do amor? Será que ainda sabemos o que é amor? Será que não vivemos mais de aparências para simular uma amor? Bela reflexão!!!

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Sabe, adoro datas, comemoro todas as possiveis. Mas não são elas que regem minha vida.
Famila de artistas, a coisa mais comum é em datas festivas cada um estar trabalhando em um lado. Então o que faço eu, a Moça que inventa historias?
Crio em todo tempo momentos especias, faço almoços e jantares, compr presentes fora de data
para que minha vida seja como essa parte de seu texto:
"E assim a aliança se constrói diariamente, mesmo com arranhões, a fim de que cada dia seja melhor;"(...)

Dessa forma 29 anos ja passaram, 2 filhos ja adultos seguem o modelo da familia num verdadeiro IM
PRO
VI
SAR.
Se contar que não saberia viver sem ser
entre sonhos e delírios

Unknown disse...

Amei, dias dos Namorados, dia tão especial, eu também irei passar solteiro kkkkkkk Abraç